Brics vão propor que países sejam pagos por geração de dados usados por IA
Declaração conjunta do bloco, que representa 40% da população mundial, quer mudar paradigma e tratar dados como fonte de riqueza capaz de induzir o desenvol...

Declaração conjunta do bloco, que representa 40% da população mundial, quer mudar paradigma e tratar dados como fonte de riqueza capaz de induzir o desenvolvimento nessas nações. Rio 'decorado' para o Brics Fábio Motta / Prefeitura do Rio A Cúpula dos Brics, que se reúne neste fim de semana no Rio de Janeiro, deve divulgar uma declaração conjunta para propor que os países sejam pagos pela geração dos dados que alimentam sistemas de inteligência artificial. Segundo diplomatas ouvidos pelo blog, a proposta é uma mudança de paradigma para um que trate o detentor das informações como um agente ativo e necessário, e não passivo diante das big techs. Com 40% população mundial, a ideia é que os dados sejam vistos como commodities capazes de gerar riqueza e induzir o desenvolvimento dessas nações. Assim como foram as especiarias na época das grandes navegações dos séculos XV e XVI. Ou mesmo o agronegócio em tempos atuais. O documento também deve defender a proteção adequada dos direitos de propriedade intelectual e direitos autorais contra o uso não autorizado por mecanismos de IA, permitindo mecanismos de remuneração justa. Eles também devem reclamar a transparência na coleta de informações, tendo em vista que não há clareza hoje sobre o que integra a base que treina os principais modelos de IA. Fontes do Itamaraty afirmam que já há consenso encaminhado entre as lideranças do bloco em torno do tom adotado na declaração. Inteligência artificial será um dos temas destacados para ter uma declaração temática à parte, como forma de sinalizar uma prioridade para o bloco. Outro tema será formas de financiamento para ações voltadas para o meio ambiente e contenção das mudanças climáticas. Será já uma prévia dos debates que dominarão a COP 30, que acontece em novembro, em Belém (PA). O terceiro será a erradicação de doenças da pobreza. Marinha faz exercício militar para a segurança do Brics Declaração conjunta A cúpula dos Brics também deve divulgar um documento final da reunião, após ter tido dificuldade no encontro de chanceleres que ocorreu em abril, no Rio de Janeiro. Na ocasião Egito e Etiópia discordaram dos termos referentes ao apoio da ampliação do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), um pleito antigo do Brasil. A dificuldade pode se repetir no encontro que se inicia neste fim de semana. Em abril, a declaração tentou incluir expressamente o apoio à entrada do Brasil, Índia e África do Sul ao grupo. Egito e Etiópia, no entanto, foram contra porque já há um debate entre os países africanos para escolher entre eles quem deveria representar o continente no Conselho de Segurança. Haverá um esforço, agora, para que seja manifestado o apoio à inclusão de Brasil e Índia, aos quais não há objeção. Outro ponto de atenção na declaração final será o tom a ser dado ao abordar a guerra entre Israel e Irã, que faz parte do bloco agora. O Irã prefere uma condenação mais contundente, enquanto outros países avaliam ser melhor um tom mais brando. O fato de o conflito ter chegado ao fim deve facilitar um consenso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ter dois encontros bilaterais com chefes de Estado que estarão no Brasil para o encontro. A previsão é que ele se reúna com primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, e o primeiro ministro da Etiópia, Abiy Ahmed. Na terça-feira (8), após a reunião da cúpula, Lula receberá com status de visita de Estado o primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, em Brasília. Na quarta-feira (9), será a vez do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. O encontro acontece após a morte de Juliana Marins em um vulcão no país. Diplomatas ouvidos afirmam que as apurações, até o momento, apontam para negligência do parque e da empresa que vendeu o passeio à brasileira. Destacam que as autoridades se demonstraram pró-ativas e sensíveis à situação, portanto, não há motivos para o episódio abalar a relação entre os dois países. Estava prevista, também, uma visita do presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, mas ele cancelou a vinda devido às tensões na região. A reunião da Cúpula dos Brics sob a presidência do Brasil acontece de forma esvaziada. O presidente da Rússia, Vladmir Putin, não vem porque há um pedido de prisão feito pelo Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é signatário. Já Xi-Jinping era esperado. Fontes do Itamaraty reconhecem que houve um esforço pessoal do presidente Lula para que ele viesse. Mas a vinda foi cancelada depois que o presidente visitou a China e houve um desconforto com uma fala da primeira-dama Janja da Silva.