Lula defende nova política de financiamento e afirma que modelo de austeridade 'não deu certo em nenhum país'
Presidente ainda falou sobre a necessidade de se debater a adoção de uma nova moeda. Declaração ocorreu em reunião anual do 'banco do Brics', no Rio de Jan...

Presidente ainda falou sobre a necessidade de se debater a adoção de uma nova moeda. Declaração ocorreu em reunião anual do 'banco do Brics', no Rio de Janeiro. Lula defende nova política de financiamento em reunião do Novo Banco de Desenvolvimento O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta sexta-feira (4) uma nova política de financiamento por bancos e afirmou que o modelo de austeridade "não deu certo em nenhum país". Na ocasião, Lula também falou sobre a necessidade de se discutir a adoção de uma moeda alternativa (leia mais abaixo). "Vocês podem e devem mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento sem condicionalidades. O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo", afirmou. "A chamada austeridade exigida pelas instituições financeiras levou os países a ficarem mais pobres, porque toda a vez que se faz austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico. É isso que acontece no mundo de hoje e é isso que nós temos que mudar", prosseguiu. No discurso, Lula não detalhou como funcionaria o novo mecanismo de financiamento para países, mas citou a situação de países africanos. "Não é possível que o continente africano deva US$ 900 bilhões e o pagamento de juros seja muito maior do que qualquer forma de novos investimentos", afirmou. A declaração de Lula foi dada durante reunião do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), conhecido como "banco do Brics", no Rio de Janeiro (leia mais abaixo). Atualmente, a ex-presidente Dilma Rousseff dirige a instituição. Lula participa de cerimônia do banco do Brics. Ricardo Stuckert/ Presidência da República Prioridades nacionais Lula elogiou o NDB, criado em 2014, por, em vez de oferecer programas que impõem condicionalidades, financiar projetos alinhados a prioridades nacionais. "Em um cenário global cada vez mais instável, marcado pelo ressurgimento do protecionismo e do unilateralismo e impactado pela crise climática, o papel do NDB na redução de nossas vulnerabilidades será crescente", afirmou. Lula também destacou que o banco do Brics financia projetos de transição energética e preservação ambiental. Lula, que em novembro será o anfitrião da COP 30, tem reforçado a cobrança de recursos de países ricos para financiar o combate às mudanças climáticas. Em outras oportunidades, o presidente defendeu que os bancos permitam aos países em desenvolvimento a troca dívidas por novos investimentos em áreas como saúde e educação. Moeda alternativa Lula voltou a defender a busca por meios alternativos de pagamento para transações entre países do bloco. A medida visa substituir o dólar como moeda padrão para essas transações. No dia a dia da população desses países, a moeda local continuaria sendo usada – como o real no Brasil, por exemplo. "É por isso que a discussão de vocês sobre a necessidade de uma nova moeda de comércio é extremamente importante. É complicado, eu sei. Tem problemas políticos, eu sei. Mas se a gente não encontrar uma nova fórmula, a gente vai terminar o século 21 igual a gente começou o século 20 e isso não será benéfico para humanidade", afirmou Lula. Carência de lideranças e crítica às guerras Segundo Lula, problema do mundo não é econômico, mas político por conta da carência de lideranças. O presidente brasileiro voltou a falar sobre o enfraquecimento da Organização das Nações Unidas no contexto das guerras. "Há muito tempo eu não via a nossa ONU tão insignificante como ela se apresenta hoje. Uma ONU que foi capaz de criar o Estado de Israel não é capaz de criar o Estado Palestino. Não é capaz de fazer um acordo de paz para que o genocídio do exército israelense continue matando mulheres e crianças inocentes em Gaza", argumentou. "Essas lideranças políticas é que têm que tomar as decisões sobre as questões econômicas", completou. Miriam Leitão: Presidente do Irã não vem a reunião dos Brics Cúpula do Brics A reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento ocorreu no Rio de Janeiro. A cidade sedia a cúpula do Brics até segunda, 7 de julho. 🔎O Brics é um grupo formado por 11 países membros e outros parceiros que funciona como foro de articulação político-diplomática do Sul Global e de cooperação em várias áreas. 🔎Entre os objetivos estão fortalecer a cooperação econômica, política e social entre seus membros e promover um aumento da influência dos países do Sul Global na governança internacional. O Brasil assumiu a presidência do bloco em janeiro deste ano. O grupo é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros países recém-admitidos – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.