Na Argentina, Lula visita Cristina Kirchner em prisão domiciliar
Lula participou da Cúpula do Mercosul em Buenos Aires, onde assumiu a presidência rotativa do bloco. Ao chegar à casa de Cristina, sob forte esquema de segur...

Lula participou da Cúpula do Mercosul em Buenos Aires, onde assumiu a presidência rotativa do bloco. Ao chegar à casa de Cristina, sob forte esquema de segurança, petista foi aplaudido por apoiadores da ex-presidente condenada por corrupção. Lula não terá bilateral com Milei. Presidente Lula visita Cristina Kirchner em prisão domiciliar O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou, nesta quinta-feira (3), com a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, que atualmente cumpre prisão domiciliar. Lula está em Buenos Aires desde quarta-feira (2), onde participou da cúpula do Mercosul. O encontro com Kirchner ocorreu no início da tarde. Lula chegou por volta de 12h30 com batedores da polícia argentina e seguranças em um forte esquema de segurança. A reunião durou cerca de 50 minutos. Na chegada e na saída, o petista foi aplaudido por apoiadores de Cristina Kirchner, que se concentraram em frente à casa da ex-presidente condenada por corrupção (veja nos vídeos acima e abaixo). Lula deixa casa de Cristina Kirchner, onde ela cumpre prisão domiciliar A visita se deu após a participação do petista em reunião dos chefes de Estado do bloco sul-americano. Na ocasião, o brasileiro assumiu a presidência rotativa do Mercosul, transmitida pelo líder argentino, Javier Milei. Os dois presidentes, no entanto, não tem uma agenda bilateral prevista (leia mais aqui). A visita a Cristina foi autorizada pela Justiça argentina a pedido da defesa da ex-presidente. No mês passado, Lula ligou para a ex-presidente após a Suprema Corte da Argentina rejeitar um recurso que pedia a anulação da condenação dela por corrupção. “Falei da importância de que se mantenha firme neste momento difícil. Notei, com satisfação, a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa e o quanto está determinada a seguir lutando”, publicou Lula em uma rede social à época. A ex-presidente Cristina Kirchner em 10 de junho de 2025 REUTERS/Tomas Cuesta Condenação de Cristina Kirchner A ex-presidente argentina foi condenada por favorecer Lázaro Báez, dono de uma empreiteira e amigo do casal Kirchner. Segundo a denúncia, o empresário venceu 51 licitações para obras públicas, muitas delas superfaturadas e sequer concluídas. De acordo com a acusação, após vencer as licitações, Báez repassava parte dos recursos públicos das obras para Cristina e seu marido, Néstor Kirchner — que governou a Argentina entre 2003 e 2007 —, além de empresas de familiares do casal. A ex-presidente foi acusada de chefiar uma organização criminosa e de conduzir uma administração fraudulenta ao longo de 12 anos, período que inclui o governo de Néstor e os dois mandatos dela. O esquema teria causado um prejuízo de US$ 1 bilhão aos cofres públicos. Cristina nega as acusações e afirma que o tribunal já tinha a sentença pronta desde o início do processo. Sem encontro com Milei Lula assume presidência rotativa do Mercosul nesta quinta (3) Apesar da visita oficial, Lula não tem encontro previsto com o atual presidente argentino, Javier Milei. Segundo a agenda divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência, não há reunião bilateral programada entre os dois líderes. O presidente, no entanto, teve encontros com o presidente Paraguaio, Santiago Peña, e mais tarde deve se reunir com o líder da Bolívia, Luís Arce. Esta é a primeira viagem de Lula à Argentina desde a posse de Milei, em dezembro de 2023. O formato tradicional das reuniões do Mercosul prevê que apenas os presidentes, intérpretes e, eventualmente, alguns assessores próximos participem dos encontros bilaterais reservados. Durante a campanha eleitoral, Milei fez diversas críticas públicas a Lula e ao seu partido. Em 2024, o presidente argentino chegou a visitar o Brasil, mas se reuniu apenas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem contato com Lula. Acordos comerciais no Mercosul A cúpula do Mercosul em Buenos Aires marca o fim da presidência pro tempore da Argentina e o início do comando do Brasil à frente do bloco. 📌Pelo sistema rotativo, cada país lidera o grupo por um semestre, sendo responsável por articular negociações, definir prioridades e sediar encontros entre ministros e chefes de Estado. O encontro desta quinta acontece um dia após o anúncio do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA). Segundo o Itamaraty, a parceria criará uma zona de livre comércio com cerca de 300 milhões de pessoas e um PIB conjunto superior a US$ 4,3 trilhões. O governo brasileiro espera que o acordo com a EFTA seja formalmente assinado ainda em 2025. Paralelamente, Lula também busca concluir neste ano o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Negociado desde 1999, o acordo com os europeus foi finalizado em 2019 e entrou na fase de revisão, que só foi concluída em 2024, durante a cúpula do Mercosul realizada no Uruguai. Agora, a ratificação do tratado depende da aprovação do Conselho e do Parlamento Europeu. Países como a Espanha se mostram favoráveis ao pacto, enquanto outros, como a França, apresentam resistência. O presidente Emmanuel Macron alega que o acordo seria desigual, por considerar que os padrões ambientais impostos aos produtores europeus são mais rígidos que os exigidos aos sul-americanos. Diante disso, Lula tem defendido que a França apresente uma proposta alternativa para viabilizar o avanço das negociações.