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Encontro de botos é flagrado no rio Juma (AM)

Encontro de botos é flagrado no rio Juma (AM) Com mais de 20 anos de experiência na biologia, ainda há momentos em que a natureza é capaz de surpreender e e...

Encontro de botos é flagrado no rio Juma (AM)
Encontro de botos é flagrado no rio Juma (AM) (Foto: Reprodução)

Encontro de botos é flagrado no rio Juma (AM) Com mais de 20 anos de experiência na biologia, ainda há momentos em que a natureza é capaz de surpreender e emocionar. Foi o que aconteceu no lago do rio Juma, na Amazônia, quando o biólogo Thiago Silva Soares avistou um grupo numeroso de botos tucuxis (Sotalia fluviatilis) em comportamento de reprodução. O encontro inesperado aconteceu enquanto o biólogo nadava com um grupo de turistas, pouco antes do pôr do sol. “Notei um movimento diferente na água, percebi que eram tucuxis e logo saí para pegar o drone. Com ele, conseguimos observar o que eles estavam fazendo e registrar imagens únicas. Foi um privilégio”, conta. Encontro de botos é flagrado no rio Juma (AM) Thiago Silva Soares Thiago, que já acompanhou tucuxis quase uma centena de vezes nos últimos quatro anos, afirma que nunca havia presenciado tantos animais juntos. “Foi a primeira vez! Já estive com os tucuxis diversas vezes, observando o comportamento deles, mas nunca tive o privilégio de encontrar um grupo tão grande e por tanto tempo”, conta o pesquisador. Segundo o biólogo, o motivo para o grande aglomerado foi o comportamento reprodutivo. “Você pode ver que um estava mais fugindo, provavelmente uma fêmea, e todos os machos iam pra cima dela. Então, é realmente o motivo desse aglomerado, machos competindo pela atenção da fêmea”, explica. Tucuxi possui alimentação variada, consumindo mais de 28 espécies diferentes de peixes izaiasmirandajr/iNaturalist Apesar de ser comum encontrar de um a três tucuxis na região, ver um grupo tão numeroso foi surpresa. “É sempre uma mistura de conhecimento com sorte e destino. Mas também acredito que a natureza responde à energia positiva. É isso que atrai esses encontros especiais”, conclui o biólogo. Para Thiago, a sensação de presenciar o encontro é de gratidão. Ele destaca que, na região do Lago do Juma, as ameaças humanas são mínimas e os animais vivem livres. “É gratificante por poder observá-los da forma mais natural possível e por eles estarem protegidos. Ali, a população local entende cada vez mais que a vida selvagem vale mais viva”, explica. Tucuxi adulto no Parque Nacional da Amazônia, no Peru Michael Nolan/Robert Harding Premium/robertharding/AFP/Arquivo Sobre a espécie Endêmico dos rios da Bacia Amazônica, o tucuxi é um golfinho de pequeno porte que pode atingir até 1,52 metro de comprimento e pesar cerca de 55 quilos. No Brasil, é observado em diversas regiões da Amazônia, mas sua distribuição vai além. Endêmico dos rios da Bacia Amazônica, o tucuxi é um golfinho de pequeno porte que pode atingir até 1,52 metro de comprimento e pesar cerca de 55 quilos sergiomtz/iNaturalist A espécie também ocorre no Peru, Equador e sudeste da Colômbia, sempre restrita a ambientes de água doce. Considerado um dos menores delfinídeos, se destaca pelo comportamento ágil. Costuma nadar em grupos, com movimentos rápidos e muitas vezes sincronizados. Na alimentação, apresenta dieta variada, consumindo mais de 28 espécies diferentes de peixes. É importante não o confundir com o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis). Os botos tucuxi e o cor-de-rosa são conhecidos na Amazônia pela inteligência e por manterem certo nível de interação com os seres humanos. Ao compartilharem hábitos e características, muitos podem pensar que são animais da mesma família, mas você eles pertencem a grupos diferentes. Além do Brasil, tucuxi ocorre também no Peru, Equador e sudeste da Colômbia, sempre restrita a ambientes de água doce axelantoinefeill/iNaturalist Do sonho de criança à vida no mato A relação do pesquisador com a natureza vem desde a infância. “Eu não escolhi a biologia. Ela que me escolheu. Desde criança eu sempre tive essa conexão com a natureza, sempre era encontrado pelos meus pais, em nossas viagens, em riachos, bordas de lagos e brejos mexendo com peixes e girinos, com sapos adultos, curioso com serpentes, investigando e até criando formigas”, conta o biólogo. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente