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Dia da Árvore: Recife é conhecido como 'Cidade dos Baobás' e tem 14 deles tombados; veja mapa e fotos

Entenda importância do baobá, árvore ancestral que é tombada no Recife Nas margens do Rio Capibaribe, vive um gigante com raízes fincadas no solo. Um baob...

Dia da Árvore: Recife é conhecido como 'Cidade dos Baobás' e tem 14 deles tombados; veja mapa e fotos
Dia da Árvore: Recife é conhecido como 'Cidade dos Baobás' e tem 14 deles tombados; veja mapa e fotos (Foto: Reprodução)

Entenda importância do baobá, árvore ancestral que é tombada no Recife Nas margens do Rio Capibaribe, vive um gigante com raízes fincadas no solo. Um baobá centenário, que nasceu antes da construção das casas no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife. A árvore de 23 metros de altura deu nome ao jardim instalado no meio da cidade. A gigante de tronco largo e copa imponente não é a única representante da espécie em Pernambuco. O Recife, inclusive, é conhecido como "cidade dos baobás" (veja vídeo acima). Dos inúmeros espécimes que estão no município, 14 deles são tombados, e outros dois estão em processo de tombamento (confira no mapa mais abaixo). ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE A preservação desses espécimes é assegurada por lei devido às localizações, raridade, beleza ou condição de porta-sementes. Neste Dia da Árvore (21), o g1 reuniu a história dessa flora ancestral na cidade. O nome científico do baobá é Adansonia digitata, mas a espécie também é conhecida como árvore-da-vida e árvore-dos-mil-anos. A árvore pode atingir até 30 metros de altura e tem o caule curvo, abaulado, pois é capaz de armazenar água dentro dele. Jardim do Baobá no bairro das Graças, no Recife Andrea Rego Barros/PCR Para além da sua biologia, em alguns países, como o Senegal, o baobá é considerado sagrado. Acredita-se que as primeiras sementes chegaram ao Brasil por meio da diáspora negra, com as pessoas escravizadas que foram trazidas ao continente americano. Além de tudo, o baobá também tem relevância nutricional. Seu fruto, chamado de Múcua, é comestível e é considerado um superalimento, com duas vezes mais cálcio que o leite materno e muita vitamina C. Fruto do Baobá Montagem/g1 História Os baobás carregam ancestralidade. A árvore foi trazida da África para o Brasil e, hoje, simboliza uma conexão viva entre os dois locais. A escritora pernambucana Inaldete Pinheiro, uma das fundadoras do Movimento Negro em Pernambuco, tentou resumir essa importância em três livros publicados. Para ela, o baobá "simboliza a África no Brasil". "Ele carrega um continente, simbolicamente, de toda a ancestralidade que ele carrega consigo. [...] A gente tem criações, a idealização de uma África que não é vivida. A maioria dos brasileiros não conhece o continente africano, ou sequer um país. Então, tendo o baobá, a gente está perto da África", contou. Pernambuco tem relação de intimidade e ancestralidade com baobás Inaldete Pinheiro conta, também, que em Pernambuco, os baobás se proliferaram e se tornaram parte da história do povo negro (veja vídeo acima). "A história que não foi contada, os países de onde os meus ancestrais vieram, e o que não foi feito antes de reconhecimento por uma história que foi fortíssima no Brasil, mas foi vetada e apagada. E ele [o baobá] não deixa ninguém esquecer. A exuberância dele diz tudo, para ninguém esquecer o continente de onde viemos", declarou. O antropólogo Fernando Batista, doutor em Cultura e Sociedade, conta que há mais de duas décadas o Recife foi considerada "cidade dos baobás" pelo etonobotânico John Rashford. Ele também declarou Pernambuco como o "coração" da espécie no Brasil. "Para mim, o baobá é tão simbólico, tão singular para Pernambuco quanto o frevo e o maracatu. São as pessoas que disseminam o baobá, são as pessoas que percebem nessa árvore esse potencial simbólico, esse potencial ancestral que ele nos provoca. [...] Nos últimos 20 anos, a relação afetiva do pernambucano com o baobá se avolumou tanto quanto o tronco da árvore", disse o pesquisador. Mapa dos Baobás do Recife Baobá da Praça da República, no Centro do Recife Reprodução/TV Globo No Recife, alguns baobás se relacionam com a história dos bairros. Medindo entre sete e 24 metros de altura, alguns deles são jovens e outros, centenários, a exemplo do que fica na Praça da República, no bairro de Santo Antônio, no Centro da cidade. A árvore, que fica em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, é tão antiga que assistiu a momentos históricos do Brasil e de Pernambuco, como a abolição da escravatura, a queda da monarquia, a proclamação da República e a ditadura militar. Dos baobás que foram tombados ou estão em processo de tombamento, alguns existem até hoje porque resistiram ao desmatamento. Outros, por sua vez, foram plantados pela própria comunidade. Em 2025, a prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, criou um roteiro com informações das árvores e palmeiras tombadas ou em processo de tombamento na cidade. Entre as espécias catalogadas estão os baobás – veja fotos e localização no mapa abaixo montado pelo g1, e, abaixo, conheça um pouco de história dessas árvores: Bairros do Recife e seus baobás Casa Forte: moradores antigos do bairro contam que a árvore foi plantada na década de 1940. Ela fica na calçada, próxima a vários prédios. Com 24 metros de altura, é um dos maiores baobás da cidade. Atualmente, ele é protegido pelos moradores locais. Fundão: o gigante de 22 metros ficou conhecido como Baobá do Fundão e virou ponto de referência no bairro. Segundo moradores, a árvore teria sido plantada por africanos escravizados. O baobá é protegido pelos vizinhos e sob sua sombra já surgiram algumas agremiações carnavalescas. Graças: o centenário Baobá da Ponte D’Uchôa, como é conhecido, deu origem ao Jardim do Baobá (veja imagem no início do texto). A árvore existe desde antes da construção das residências na área. Na década de 1970 houve tentativas de remover o baobá para construir um muro de proteção, mas moradores se mobilizaram e preservaram a árvore. Baobá no bairro do Fundão, Zona Norte do Recife Reprodução/Google Street View Bongi: um conjunto de três baobás resiste no bairro após tentativas de remoção. As árvores foram mutiladas em 1988 por uma construtura que queria instalar um residencial no local. As obras foram suspensas após movimentação social e os baobás voltaram a brotar a partir do que restou dos seus caules. Hoje eles têm 24, 20 e 16 metros de altura. Santo Antônio: na Praça da República, próximo ao Palácio das Princesas e ao Teatro de Santa Isabel, um baobá centenário compõe a paisagem. Há registros em jornais de 1874 que já indicam a presença da árvore no local. Mustardinha: o baobá foi plantado há mais de 15 anos na Praça do ABC, por um colecionador de sementes da espécie. A árvore é um marco histórico e cultural do bairro, responsável pela criação do Movimento Cultural de Proteção ao Baobá da Mustardinha. Baobá da Praça do ABC, no bairro da Mustardinha, Zona Oeste do Recife Reprodução/Google Street View Cidade Universitária: o campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) abriga centenas de árvores, entre elas está o baobá em frente ao prédio do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). Jaqueira: o baobá se destaque em meio à flora do Parque da Jaqueira. O exemplar de 12 metros de altura foi tombado em setembro de 2001. Engenho do Meio: no coração da Praça Dr. Arnaldo Assunção está um baobá de 13 metros de altura. Ele foi tombado em setembro de 2005 devido à sua beleza, localização e relevância cultural. Baobá no giradouro do bairro da Encruzilhada, no Recife Reprodução/Google Street View Encruzilhada: um baobá de 11 metros de altura orienta o trânsito no bairro. A árvore foi mantida no giradouro mesmo com a execução de projeto viário no entorno do Mercado da Encruzilhada. Boa Vista: tombado em 2003, a pedido do Doutor Geraldo de Oliveira Santos Neves, então diretor da Faculdade de Direito do Recife. O baobá se encontra na Praça Adolfo Cirne e se destaca na vegetação com seus 23 metros de altura. Barro: no pátio da Escola Professora Olindina Alves Semente, a árvore tem importância ambiental, cultural, social e até mesmo pedagógica. Os professores desta e de outras escolas levam seus alunos para conhecer o baobá e aproveitam para ensinar sobre o meio ambiente, português e matemática. Baobá no pátio da Escola Professora Olindina Alves Semente, no Barro Reprodução/TV Globo Dois Irmãos: a árvore foi plantada no final da década de 1950 como parte do projeto paisagístico de Burle Max. Hoje com 18,7 metros, o baobá segue sendo destaque na Praça de Dois Irmãos. *em processo de tombamento. Praça Chora Menino: também no bairro da Boa Vista, o baobá da Praça Chora Menino é uma das mais jovens e menores do Recife. A árvore tem 7,7 metros de altura. *em processo de tombamento. * Estagiária do g1 sob supervisão do editor Pedro Alves. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias