Vitória no prato: Brasil sai do Mapa da Fome com políticas públicas e comida de verdade
Ádria Oliveira dos Santos junto aos pais, que foram os primeiros agricultores de Santarém (PA) a participarem do Programa de Aquisição de Alimentos (PAAA) ...

Ádria Oliveira dos Santos junto aos pais, que foram os primeiros agricultores de Santarém (PA) a participarem do Programa de Aquisição de Alimentos (PAAA) – Yako Guerra/MDS O Brasil acaba de alcançar um marco histórico: saiu novamente do Mapa da Fome da ONU. Essa conquista não é apenas simbólica, ela representa a transformação concreta na vida de milhões de brasileiros, resultado direto da reconstrução e do fortalecimento das políticas públicas voltadas à segurança alimentar e à promoção da dignidade humana. À frente dessa mudança está o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), que coordena ações estratégicas para garantir o acesso à alimentação de qualidade em todas as regiões do país. Não é uma campanha, tirar essa parte A alimentação é um direito de todos Para o Governo do Brasil a alimentação é um direito de todos. Com foco em programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), Cozinhas Solidárias, Fomento Rural, Programa Cisternas e Alimenta Cidades, o MDS evidencia como a comida de verdade, produzida por agricultores familiares, comprada com recursos públicos e distribuída com justiça, tem transformado realidades de Norte a Sul do país. Quem fala sobre isso com propriedade é Ádria Oliveira dos Santos, filha de agricultores familiares que participam do PAA desde quando ela era pequena. O pai dela, Antônio Rodrigues dos Santos, foi o precursor do PAA em Santarém, no Pará. O trabalho na terra e a renda gerada pelo programa levaram dignidade à família Santos e impulsionaram Ádria a estudar e se graduar em Gestão Pública e Desenvolvimento Rural. “Acompanhar os desafios dos meus pais, tanto no processo produtivo quanto no de entrega dos alimentos, me motivou a ser uma pesquisadora da área”, conta. A gestora pública hoje estuda como as mulheres fornecedoras do PAA adquiriram autonomia financeira por meio da iniciativa. “Conheci mulheres, por exemplo, que viviam violência doméstica e, por meio do programa, conquistaram a independência econômica”, e, consequentemente, se viram livres dessa situação. Maria Heloísa Tapajós, a Hellô, também é uma das beneficiárias do PAA. O trabalho com a terra, aliado à oportunidade de vender para o programa, permitiu conquistas como casa própria, comércio próprio, carro para o trabalho e o início de uma graduação em Enfermagem. Ela costuma participar da entrega do que produz em escolas públicas. “Eu gosto de chegar lá (nas escolas) e ver que estou levando uma merenda de qualidade para os alunos”, diz, lembrando que, quando criança, não tinha essa variedade de alimentos que hoje ela pode oferecer, tanto para estudantes quanto para a própria família. Maria Heloísa Tapajós é produtora rural, beneficiária do PAA e divide seu tempo entre a produção e a graduação em Enfermagem – Yako Guerra/MDS Investimentos que nutrem o país Desde 2023, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) já investiu R$ 2 bilhões, adquirindo mais de 400 mil toneladas de alimentos diretamente da agricultura familiar, o que fortalece a produção local e garante renda para quem planta. A cozinha solidária do Sol Nascente (DF) atende dezenas de famílias diariamente, com 120 refeições distribuídas – Roberta Aline/ MDS Já o Programa Cozinhas Solidárias tem sido essencial para garantir comida no prato de quem mais precisa. Até o final de 2025, 13 milhões de refeições foram serão servidas em 384 cozinhas com apoio governamental. Ao todo, mais de 1.100 cozinhas populares já estão habilitadas no país. Outro destaque é o Programa Cisternas, que já garantiu acesso à água para mais de 1 milhão de famílias, principalmente no semiárido brasileiro. O impacto vai além da segurança hídrica: houve uma redução de 29% na mortalidade e 26% nas internações hospitalares entre os beneficiários. Além disso, a chance de acesso a um emprego formal aumentou em 14%, com renda média 7,5% maior, e o tempo gasto na busca por água caiu quase 90%. O Fomento Rural atendeu 346 mil famílias, 77% delas chefiadas por mulheres, reforçando o protagonismo feminino no campo. Já o Alimenta Cidades, só em 2024, destinou R$ 15,5 milhões para compra e doação de alimentos em 27 cidades, além de investir R$ 8 milhões na modernização de bancos de alimentos em nove municípios. Da terra ao prato, da cidade ao campo O combate à fome também passa pela valorização da agricultura urbana. Desde 2018, foram implantadas 231 hortas urbanas, com a distribuição de 5.159 kits de sementes, insumos e materiais. Desde 2023, essa política se fortaleceu com a articulação interministerial entre o MDS, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), unindo esforços para integrar meio ambiente, trabalho e desenvolvimento social. Essas ações demonstram que a segurança alimentar é, ao mesmo tempo, uma estratégia social, econômica, cultural e ambiental. Ela respeita a diversidade dos territórios e valoriza as vozes locais, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, mulheres, agricultores urbanos, cozinheiras populares e tantos outros que constroem, diariamente, um Brasil mais justo. Brasil que alimenta: compromisso com o futuro A saída do Brasil do Mapa da Fome é um feito coletivo, fruto da retomada de políticas públicas estruturantes, da valorização da agricultura familiar e do investimento em programas que colocam comida de verdade no centro do desenvolvimento social. Com políticas de garantia de segurança alimentar, o país reafirma que comida do prato é um compromisso com a vida e com o futuro.