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Moradores da segunda maior cidade de Roraima enfrentam falta de água há dois meses: 'Sem ajuda'

Moradores da 2ª maior cidade de Roraima enfrentam falta de água há dois meses Moradores de Rorainópolis, segunda maior cidade de Roraima, no Sul do estado, ...

Moradores da segunda maior cidade de Roraima enfrentam falta de água há dois meses: 'Sem ajuda'
Moradores da segunda maior cidade de Roraima enfrentam falta de água há dois meses: 'Sem ajuda' (Foto: Reprodução)

Moradores da 2ª maior cidade de Roraima enfrentam falta de água há dois meses Moradores de Rorainópolis, segunda maior cidade de Roraima, no Sul do estado, enfrentam problemas no abastecimento de água encanada há cerca de dois meses. As mais de 32 mil pessoas dependem diariamente da distribuição da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer). Nas áreas onde a água não chega há dias, o abastecimento tem sido feito por caminhões-pipa. No bairro Portelinha, o mais afetado pela crise, moradores relatam que o serviço não segue uma rotina e, quando o veículo não passa, a população precisa recorrer a vizinhos ou parentes em outros bairros para conseguir água. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 RR no WhatsApp Moradora Ágatha Cristina Gomes dos Reis, 23 anos, é mãe de três crianças, mostra torneira sem água Caíque Rodrigues/g1 RR O g1 esteve em Rorainópolis na sexta-feira (19) e conversou com moradores que relataram problemas para tomar banho, lavar louça e roupa. "A conta chega todo mês e, se não pagar, cortam uma água que já não existe", disse Francisco das Chagas Gomes Filho, de 55 anos, pedreiro e morador do Portelinha. A reportagem flagrou um funcionário da Caer intimidando uma moradora que dava entrevista e reclamava da falta de abastecimento. O g1 também esteve na sede da companhia em Rorainópolis, mas o prédio estava fechado. Procurada, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima informou que iniciou, em agosto, a reforma de três reservatórios em Rorainópolis. Durante a obra, a Estação de Tratamento de Água precisou ser paralisada, o que reduziu em 60% a capacidade de distribuição no município. Atualmente, o abastecimento do município está funcionando com 40% da capacidade, por meio dos 16 poços artesianos, segundo a companhia. "A Caer sabe a importância da água para a população e pede a compreensão de todos até o serviço ser finalizado. A empresa afirma ainda que não compactua com qualquer atitude desrespeitosa de seus colaboradores e informa que adotará as medidas para averiguar o ocorrido, garantindo a apuração adequada", disse em nota. Situação piora aos fins de semana A manicure Nara Rocha, de 36 anos, mãe de três filhos, contou que a situação no bairro Portelinha piora no fins de semana, quando os caminhões não passam regularmente. Enquanto dava entrevista ao g1, o funcionário da Caer se recusou a terminar de encher a caixa d’água da casa dela em razão das críticas que ela fazia à companhia (veja no vídeo acima). Durante a conversa, o servidor discutiu com ela e se recusou a completar o trabalho e mandou o motorista do caminhão desligar a mangueira que abastecia a casa de Nara: "Desliga essa m#rda", disse e interrompeu o abastecimento. "Passei o domingo [dia 14] inteiro sem água. Meu filho só conseguiu tomar banho porque meu marido levou ele para a casa da sogra", relatou. Nara disse ainda que a água que chega pelo carro-pipa nem sempre tem qualidade. "Às vezes vem barrenta, por isso estou comprando água mineral direto. Minha máquina de lavar está parada, meu quarto cheio de roupa acumulada. Não tem como viver assim. E a gente ainda é tratada dessa forma quando pede nosso direito. Eu pago minhas contas em dia!”. 'Quando falta em um bairro, volta em outro' Francisco das Chagas, morador há mais de 30 anos de Rorainópolis, disse que a situação tem gerado desigualdade entre bairros. Ele mora no Centro da cidade, mas a mãe e a filha vivem em Portelinha. Francisco das Chagas, morador de Rorainópolis, reclama da falta d'água Caíque Rodrigues/g1 RR "No centro voltou a ter água, mas aqui [Portelinha] não tem nada. Não é justo eu ter e o meu vizinho não. Somos todos moradores da mesma cidade", afirmou. Ele contou que, em alguns pontos da cidade, a água chega por algumas horas, mas no bairro Portelinha a torneira segue seca. 'Vem, às vezes, um pouquinho à noite, outro à tarde. Mas a maioria do tempo é sem água mesmo. Estamos há mais de dois meses nessa situação." Francisco também criticou a demora das obras na caixa d’água. "Dizem que estão arrumando a caixa, mas já são dois meses para reformar. Enquanto isso, a gente paga a conta e continua sem o serviço.” 'Impossível manter higiene' A operadora de caixa Ágatha Cristina Gomes dos Reis, 23 anos, é mãe de três crianças, incluindo gêmeos de 1 ano e 5 meses. Ela disse que a falta de água tem dificultado até o cuidado com a higiene das crianças e da avó de 80 anos. Ela é filha de Francisco. "Muitas vezes precisei levar meus filhos para a casa do meu pai só para dar banho neles. No calor, eles ficam com caroços no corpo. Minha avó chegou a ser internada com pressão alta. É muito sofrimento", relatou. Moradora precisa encher baldes durante a madrugada para garantir água no dia seguinte Caíque Rodrigues/g1 RR Segundo Ágatha, quando a água chega, geralmente durante a madrugada, ela passa horas enchendo baldes para garantir o mínimo no dia seguinte. "Trabalho até meia-noite, chego em casa e vou até 3h da manhã enchendo baldes. Tem dias que a água não tem força nem para encher um balde pequeno. Já passei três, quatro dias seguidos sem água em casa." Ela disse que a justificativa recebida foi de que a caixa d’água da região, que é de madeira, está em obras". "Enquanto isso, seguimos sem água, sem explicação e sem ajuda.” Ágatha Cristina Gomes dos Reis, moradora de Rorainópolis (RR). Caíque Rodrigues/g1 RR Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.