cover
Tocando Agora:

Inédito: projeto com câmeras e IA vai estimar número de onças-pintadas no Pantanal sul-mato-grossense

Onça fêmea 'briga' com outra felina para defender filhotes no Pantanal de MS Um projeto inédito vai aprofundar o conhecimento sobre a população de onças-p...

Inédito: projeto com câmeras e IA vai estimar número de onças-pintadas no Pantanal sul-mato-grossense
Inédito: projeto com câmeras e IA vai estimar número de onças-pintadas no Pantanal sul-mato-grossense (Foto: Reprodução)

Onça fêmea 'briga' com outra felina para defender filhotes no Pantanal de MS Um projeto inédito vai aprofundar o conhecimento sobre a população de onças-pintadas na Serra do Amolar, em Corumbá (MS), uma das áreas mais preservadas do Pantanal. A iniciativa, liderada pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), tem como objetivo principal estimar quantos indivíduos da espécie vivem na região e entender como esses grandes felinos utilizam o território, contribuindo tanto para a conservação da biodiversidade quanto para a convivência com as comunidades locais. A pesquisa foi aprovada pelo Fundo Luz Alliance, gerido pela BrazilFoundation, e está alinhada à Década da Restauração dos Ecossistemas, convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU). O trabalho une monitoramento ambiental, pesquisa científica e ações sociais, com início previsto para 2026 e duração de até 12 meses. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp Para colocar o projeto em prática, o IHP adquiriu 40 armadilhas fotográficas por meio de uma parceria com a LogNature. A estratégia prevê duas frentes de atuação: a instalação de um grande grid de câmeras na Serra do Amolar e o desenvolvimento de atividades diretas com as comunidades que vivem na região. Na etapa científica, a coleta de dados ecológicos deve gerar mais de 120 mil imagens da fauna pantaneira. Todo esse material será catalogado com o apoio de Inteligência Artificial (IA) e analisado pela equipe técnica do Instituto. Com apoio internacional, projeto vai monitorar onças-pintadas e apoiar comunidades no Pantanal IHP O monitoramento vai exigir deslocamentos de mais de 400 quilômetros pelo rio Paraguai, permitindo o acompanhamento contínuo da presença e do comportamento da maior espécie de felino das Américas. Segundo o coordenador técnico do núcleo de Biodiversidade e Mudanças Climáticas do IHP, Wener Hugo Moreno, o foco da pesquisa é ampliar o conhecimento sobre a espécie e transformar esses dados em benefícios concretos para a conservação. “Esse projeto é fundamental para permitir que a gente tenha um grande grid de câmeras traps na Serra do Amolar. Com esses equipamentos, conseguimos registrar a presença dos animais e, a partir disso, desenvolver uma série de pesquisas. Nessa etapa, queremos estimar a abundância e densidade desse animal no território da Serra do Amolar, que forma um grande corredor de biodiversidade dentro do Pantanal. Vamos também ter um desdobramento para entender e contribuir com a coexistência dessa espécie e pessoas que habitam a região. Serão frentes diferentes que iremos conduzir nesse projeto, mas que vão se complementar para trazer resultado positivo na conservação e para o bem-estar comunitário”, explica Wener. Comunidades no centro da pesquisa Além dos dados ambientais, o projeto também vai produzir informações sociais. Essa segunda etapa considera as percepções das comunidades locais sobre a presença das onças-pintadas e busca apoiar ações que reduzam conflitos, especialmente relacionados à predação de animais domésticos. A proposta é usar o conhecimento científico para desenvolver estratégias que diminuam a tensão entre pessoas e onças, favorecendo a coexistência. Estão envolvidos no trabalho biólogos, médicos-veterinários, brigadistas ambientais, assistente social, auxiliares de reserva e piloteiros que atuam pelo IHP. Segundo o IHP, a onça-pintada é considerada uma espécie “guarda-chuva”, já que sua proteção beneficia diversos outros animais e ecossistemas. Também é símbolo nacional da conservação da biodiversidade. Por isso, a pesquisa emprega técnicas de monitoramento populacional e de coexistência humano-onça, com potencial de impacto para toda a região do Alto Pantanal. Para colocar o projeto em prática, o IHP adquiriu 40 armadilhas fotográficas por meio de parceria IHP Dados que podem virar incentivo à conservação Os resultados científicos do projeto também poderão subsidiar estratégias de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e a futura geração de créditos de biodiversidade, dentro da iniciativa Jaguar Stewardship in the Pantanal Conservation Network. A ideia é garantir a continuidade das ações de monitoramento e conservação da onça-pintada, além de fortalecer parcerias com as comunidades locais. No âmbito das políticas públicas, os dados levantados poderão contribuir com o Plano de Ação Nacional dos Grandes Felinos (PAN da Onça-Pintada), coordenado pelo Centro de Pesquisa, Manejo e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O IHP integra esse trabalho, que está em fase de construção para o ciclo 2025–2030. Globo Repórter - Serra do Amolar - 02/08/2024 Fundo Luz Alliance e parceiros O Fundo Luz Alliance foi criado em 2020 pela Luz Foundation, em parceria com a BrazilFoundation, inicialmente para apoiar famílias afetadas pela pandemia no Brasil. A partir de 2021, o fundo passou a financiar também projetos de proteção e regeneração ambiental. Cabe à BrazilFoundation mapear, recomendar e realizar a análise das organizações apoiadas. Fundada em 2000 pela jornalista Leona Forman, a BrazilFoundation conecta a filantropia internacional a iniciativas sociais de base no Brasil. Ao longo de 25 anos, a instituição investiu mais de US$ 57 milhões em 1.050 organizações de 300 cidades, incluindo o Pantanal. Em 2025, a entidade concedeu ao IHP o Prêmio 25 Anos de Impacto Social. Quem é o IHP O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 2002, em Corumbá (MS). A instituição atua na conservação e restauração do Pantanal e na valorização da cultura pantaneira, com ações voltadas à proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e trabalho conjunto com comunidades tradicionais e povos originários. O IHP integra diferentes iniciativas e grupos de trabalho ligados à conservação, como o Observatório Pantanal, o GT de Coexistência Humano-Onça e os Planos de Ação Nacional da Ariranha e da Onça-Pintada. Mais informações podem ser encontradas no site oficial do Instituto. Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: