'Eu tenho esses vídeos': apreensão de adolescente com imagens de abuso infantil expõe comentários suspeitos nas redes
Polícia Federal alerta que comentários em redes sociais podem esconder crimes; entenda A apreensão de um adolescente de 15 anos, em Vinhedo (SP), por armazen...

Polícia Federal alerta que comentários em redes sociais podem esconder crimes; entenda A apreensão de um adolescente de 15 anos, em Vinhedo (SP), por armazenar e compartilhar imagens de abuso sexual infantil nas redes sociais revelou a dificuldade no combate à exploração sexual infantojuvenil na internet. Após a divulgação do caso, as redes sociais da EPTV, afiliada da TV Globo, receberam uma enxurrada de comentários de perfis anônimos que afirmavam cometer o mesmo crime. O TikTok informou que as postagens são moderadas (veja a nota abaixo). Um usuário publicou nos comentários da reportagem: "Eu tenho, só que, diferente de outras pessoas, não fico compartilhando". Outro escreveu: "Vem privado que eu te mando". Um dos perfis comentou: "Eu tenho vídeos desses faz uns três anos". 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias da região em tempo real e de graça O jovem foi apreendido na casa em que mora com os pais. Com ele os agentes encontraram dois celulares com centenas de fotos e vídeos de abusos, além de conversas indicando compartilhamento do material com terceiros pelo aplicativo Telegram. A delegada Estela Beraquet, coordenadora do grupo de combate a crimes contra direitos humanos na delegacia da Polícia Federal em Campinas (SP), alerta que usuários de plataformas digitais podem ser investigados caso a justiça determine a quebra de sigilo dos dados. “Muitas pessoas veem a internet ainda, e comentários, como uma brincadeira. Pode ser um meme, [quem comenta] pode ser uma pessoa estelionatária tentando angariar pessoas e nem, na verdade, tem esses arquivos. Então, sempre a gente tem que analisar caso a caso de cada comentário e isso é feito aqui na Polícia Federal”. Uma das estratégias dos investigadores é usar recursos de inteligência para identificar quem comete os abusos contra crianças e adolescentes. “Nosso objetivo principal é pegar os abusadores. As análises de todos os materiais que nós recebemos é feita com base, principalmente, nos abusadores. Claro, não menos importante, combatemos o compartilhamento”. Apreensão de adolescente com imagens de abuso infantil expõe comentários criminosos nas redes Reprodução/EPTV O que diz o TikTok Procurada após os comentários no vídeo da reportagem, a rede social TikTok informou que modera continuamente conteúdos sobre exploração infantil. Disse também que os comentários que violam as diretrizes da comunidade são removidos sempre quando encontrados, como ocorreu com aqueles já verificados pela reportagem. Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) alertou que a exposição de crianças e adolescentes na internet exige atenção redobrada dos pais e responsáveis. Informou que a Polícia Civil atua 24 horas por dia monitorando redes e plataformas. As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 ou diretamente em delegacias físicas e eletrônicas. LEIA TAMBÉM: Adolescente apreendido por compartilhar imagens de abuso sexual infantil consumia material desde os 12 anos, diz Polícia Civil Comentários criminosos também podem gerar traumas Por um lado, diversão, ensino e vários outros interesses das crianças e dos adolescentes ficaram disponíveis de um jeito mais ágil na internet. Por outro, as redes sociais podem apresentar caminhos recheados de perigos e crimes. Consequências que podem surgir também na vida adulta. Uma jovem de 21 anos, que prefere não mostrar o rosto, conta que precisou desativar todas as redes sociais depois de ser perseguida por um usuário que comentava seus vídeos na internet. “Ele conseguiu meu endereço, conseguiu meu número de celular. Ele criava mais de 200 contas por dia, entrava na minha live comentando meu endereço, comentando meu número de celular”. “Todas as minhas redes sociais estão desativadas. Eu pretendo manter dessa forma por muitos anos ou para sempre. Infelizmente, enquanto eu não me curar desse trauma vai ser sempre uma coisa ruim para mim”. A advogada Marcela Nakashima explica que pessoas prejudicadas no mundo digital podem buscar a penalização dos responsáveis civil e criminalmente. “Na parte penal, ela vai buscar a responsabilização dos criminosos, inclusive, é uma ação incondicional”. “É movida independente da vítima querer ou não. E na esfera cível, a intenção é reparar ou tentar reparar o dano que essa pessoa sofreu”. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.