cover
Tocando Agora:

Estrelas da MPB cantaram em iorubá para reverenciar Mãe Carmen, líder do Terreiro do Gantois, no álbum 'Obatalá'

Alcione posa com Mãe Carmen (1926 – 2025) na época da gravação do álbum 'Obatalá' André Sant'ana / Divulgação ♫ MEMÓRIA ♬ A MPB acordou triste. ...

Estrelas da MPB cantaram em iorubá para reverenciar Mãe Carmen, líder do Terreiro do Gantois, no álbum 'Obatalá'
Estrelas da MPB cantaram em iorubá para reverenciar Mãe Carmen, líder do Terreiro do Gantois, no álbum 'Obatalá' (Foto: Reprodução)

Alcione posa com Mãe Carmen (1926 – 2025) na época da gravação do álbum 'Obatalá' André Sant'ana / Divulgação ♫ MEMÓRIA ♬ A MPB acordou triste. A morte da ialorixá Mãe Carmen de Oxaguian na madrugada desta sexta-feira, 26 de dezembro, em Salvador (BA), aos 98 anos, enluta estrelas da MPB como Maria Bethânia, cantora que já publicou sucinta nota de pesar nas redes sociais. “Profunda reverência”, sintetizou Bethânia ao lamentar a morte de Carmen. Filha caçula e seguidora de Maria Escolástica da Conceição Nazaré (1894 – 1986), a ialorixá conhecida como Mãe Menininha, Carmen Oliveira da Silva (1926 – 2015) era desde 1997 a liderança espiritual do mítico Terreiro do Gantois, nome popular da casa Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase, dedicada ao culto do Candomblé desde 1849. A devoção de ícones da música brasileira ao Gantois e à Mãe Carmen está eternizada no álbum Obatalá – Uma homenagem à Mãe Carmen, lançado em 2019 com elenco estelar que incluiu Alcione, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Gal Costa (1945 – 2022), Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Jorge Ben Jor, Lazzo Matumbi, Márcia Short, Margareth Menezes, Marisa Monte, Mateus Aleluia, Nelson Rufino e Zeca Pagodinho, além do grupo Ofá, presente em todas as 17 faixas do tributo fonográfico. Sob a direção musical de Iuri Passos e Yomar Asogbá, essa constelação deu voz a cânticos que, em maioria, saudavam orixás na língua iorubá. Orquestrada por Iuri Passos com Alê Siqueira, a produção musical do álbum Obatalá deu apropriada ênfase aos toques dos atabaques – sobressalentes na saudação ao orixá Xangô feita por Gilberto Gil – sem se restringir à hipnótica base percussiva dos tambores. Acordes de piano e harpa pautaram a saudação ao orixá Oduduwa, destaque do álbum pela beleza do tema afro em si e pela potência da voz de Margareth Menezes na faixa que uniu a cantora à conterrânea Márcia Short. E por falar em voz, a presença de Alcione enobreceu a saudação a Oxossi. A Marrom cantou Ô odé komo rodé, um dos temas mais populares do repertório de Obatalá por já estar entranhado no repertório musical do Brasil. A gravação deste tema trouxe fala de Mãe Carmen, cuja voz foi ouvida ao longo no disco em mensagens de luz e paz. Na reverência ao orixá Oxagiayan, feita por Ivete Sangalo com texto recitado pela voz ancestral de Mateus Aleluia, os tambores do terreiro embasaram a faixa harmonizada com bandolim, piano e violoncelo. Os encontros entre as estrelas da música brasileira também valorizaram o disco. Feita para saudar Oxum, a faixa de Gilberto Gil com Marisa Monte – que não gravavam juntos desde 1996 – embelezou o disco. Aliás, Gil teve presença recorrente no disco. Além da reverência a Oxum com Marisa Monte, o cantor também saudou Oxalá com Jorge Ben Jor e cantou a música Carmen com a voz matricial de Gal Costa. Carmen é canção de Luiz Ariston e Beto Pellegrino, tendo sido composta em português. Sempre evocando a força dos tambores, o álbum Obatalá terminou em samba. Bonito samba à moda da Bahia, A força do Gantois foi cantado pelo compositor Nelson Rufino com Zeca Pagodinho. Pela presença de tantas estrelas da música brasileira e pela magia do universo musical afro-brasileiro, a homenagem fonográfica à Mãe Carmen no álbum Obatalá se eterniza e se renova, nesta sexta-feira de Oxalá, como atestado do aglutinador poder espiritual da ialorixá que ora se encanta. Capa do disco 'Obatalá – Uma homenagem à Mãe Carmen' Divulgação