Escritores e leitores fazem feira de livros alternativa após adiamento da Flim e polêmica de veto a Milly Lacombe
Após adiar Flim, prefeito de São José promete nova data para feira Escritores e leitores de São José dos Campos se uniram e criaram um evento alternativo ...

Após adiar Flim, prefeito de São José promete nova data para feira Escritores e leitores de São José dos Campos se uniram e criaram um evento alternativo à Festa Líteromusical (Flim), que ocorreria neste fim de semana, mas foi adiada em meio a uma polêmica envolvendo o veto à jornalista Milly Lacombe. Milly, que era uma das convidadas da Flim, foi vetada pelo prefeito Anderson Farias (PSD), de São José, depois de declarações da jornalista sobre o conceito da família tradicional repercutirem. Por conta do veto, curadores e convidados desistiram de participarem do evento. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp Como forma de protesto ao cancelamento da participação de Lacombe, parte da comunidade que aguardava pela Flim criou o movimento ‘Ocupa Flim’ e a feira 'Livro Livre', que têm reunido escritores, leitores e apaixonados pela cultura neste fim de semana em São José. Escritores e leitores se unem a criam ‘Flim alternativa’ após adiamento e polêmica por veto a Milly Lacombe Guilherme Machado/TV Vanguarda Segundo a organização do movimento, que alega que o veto viola a liberdade de expressão e de criação artística, os eventos são realizados de forma pacífica. "Foi um movimento instantâneo a partir da censura à Milly Lacombe. Depois do veto, os outros convidados, tanto os grandes quanto os menores, boicotaram o evento e a gente se movimentou para buscar alguma alternativa. Temos cerca de 200 pessoas unidas pela cultura e em dois dias desenvolvemos uma programação", disse Bruna Tau, uma das organizadoras da mobilização. "A Flim era um momento muito aguardado por todos nós, pela oportunidade potente de se encontrar e trocar. A cultura tem que continuar existindo, então o Ocupa Flim nasceu por causa disso", defendeu. As atividades começaram nesta sexta-feira (19), em frente ao parque Vicentina Aranha, onde a Flim seria realizada. Com o Ocupa Flim, dezenas de pessoas se reuniram para declamar poemas, tocar instrumentos musicais, estender bandeiras de apoio à Milly Lacombe e dialogar sobre cultura e diversidade. Escritores e leitores se unem a criam ‘Flim alternativa’ após adiamento e polêmica por veto a Milly Lacombe Guilherme Machado/TV Vanguarda Já neste sábado (21), o grupo se reúne em frente a uma livraria, na mesma região do parque, com outras atividades, onde é realizado o evento alternativo. Também há programação reservada para o domingo (22). Entre as atrações da feira alternativa estão mesas literárias, saraus, cantigas, rodas de conversa, contação de poemas e poesias, entre outras. Alguns participantes têm vestido camisetas que estampam o termo ‘#FlimSemCensura’. Uma das participantes do movimento é a escritora e poeta Zenilda Lua. Em entrevista ao g1, ela contou que repudia o que aconteceu com Milly e que torce pelo retorno da Flim. Enquanto isso, ela está mobilizada em levar a literatura para novos públicos e espaços. “Nós, como agentes cultuais, apaixonados pela literatura, estávamos ansiosos pela Flim e ficamos abaladíssimos com o veto e o adiamento. Para nós, a Flim é uma oportunidade de apresentar projetos, trocar ideias, conhecer histórias. É um retrocesso o que aconteceu”, afirmou Zenilda Lua, que decidiu participar do Ocupa Flim. “Esse movimento é totalmente relevante para contemplar a cultura. Nós somos apreciadores e aguardamos o ano inteiro pela Flim. Então, estamos tendo essa oportunidade de participar de mesas literárias, cantigas, saraus em um momento que não temos a Flim”, completou. Zenilda Lua. Guilherme Machado/TV Vanguarda LEIA TAMBÉM: Flim 2025 é adiada após veto a Milly Lacombe e onda de cancelamentos ‘Não poder participar de uma feira literária é uma derrota', diz Milly Veto gera onda de cancelamento de convidados em feira literária Quem é Milly Lacombe, jornalista que teve presença cancelada em feira literária Prefeito reforça veto a Milly Lacombe: 'Com dinheiro público, não vou permitir' Ministério da Cultura emite nota de repúdio e cobra explicações após veto Com custo de R$ 300 mil, Flim é financiada com recursos públicos e patrocínios FLIM é adiada após veto a Milly Lacombe e cancelamentos de convidados Polêmica na Flim A Flim de São José dos Campos (SP) - adiada após uma polêmica envolvendo um veto à jornalista Milly Lacombe - é considerada a maior feira literária da região do Vale do Paraíba e uma das maiores do interior de São Paulo. O adiamento foi decidido na noite de quarta-feira (17) após as três curadoras e 16 autores cancelarem participação em protesto ao veto à Milly. Ela foi barrada pelo prefeito Anderson Farias (PSD) depois da repercussão de declarações ao podcast “Louva a Deusa”, no fim de julho deste ano, em que fez críticas ao conceito de família tradicional. Ao g1, o podcast afirmou que a fala de Milly foi tirada de contexto, afirmando que "há discrepância evidente entre o que foi dito originalmente pela convidada e os recortes posteriores usados para promover censura, desqualificação pública e silenciamento" - leia mais abaixo. Criada há 10 anos, a Flim é uma feira literária que promove diversas atividades gratuitas à população, como mesas literárias, lançamento de livros, rodas de conversa, contação de histórias, salas de leitura, shows e ações didáticas. Nas 10 edições até aqui, a Flim já envolveu mais de 300 escritores convidados, com a participação de diversos nomes nacionais e até internacionais. Após veto a Milly Lacombe e onda de cancelamento, Flim 2025 é adiada; nova data ainda não foi definida Foto 1: Vitor Chambon/Divulgação Agência Brasil Foto 2: Divulgação/Prefeitura de SJC Neste ano, a Flim já havia confirmado a participação de profissionais renomados, como Xico Sá, Marisa Orth e a própria Milly Lacombe. Também já participaram do evento Mia Couto, Maria Ribeiro, Gregório Duvivier, Zezé Motta, Laerte, Ignácio de Loyola Brandão, Chico César e o poeta argentino Washington Cucurto. A feira sempre aconteceu Parque Vicentina Aranha, uma área verde considerada um dos principais cartões postais de São José dos Campos Essa é a maior crise que o evento passou desde o lançamento. Outro episódio que gerou polêmica envolvendo a Flim aconteceu em 2022. Na data, durante uma apresentação na Flim, a cantora Maria Gadú segurou uma toalha com o rosto de Lula (PT), que na época era candidato à presidência. No tecido, havia a frase ‘Eu voto’ escrito acima do rosto do político, o que declarou o voto da artista em meio ao período eleitoral. Na época, a Prefeitura solicitou que a AFAC suspendesse o pagamento do cachê da cantora. Dias depois, a entidade confirmou que o cachê ficou retido e que o caso seria denunciado para investigação do Ministério Público de São Paulo e da Justiça Eleitoral. O g1 acionou a assessoria de Maria Gadú, para comentar o caso e confirmar se ela não recebeu o pagamento pelo show, mas não obteve retorno. A reportagem será atualizada caso ela se manifeste. Ao g1, o podcast “Louva a Deusa” disse que "vê com preocupação o uso recortado e manipulado da opinião da escritora e jornalista Milly Lacombe" e, segundo o canal, "há discrepância evidente entre o que foi dito originalmente pela convidada e os recortes posteriores usados para promover censura, desqualificação pública e silenciamento". "O podcast reforça seu apoio irrestrito ao que a convidada de fato promoveu em nosso episódio: reflexão e questionamento lúcidos sobre o uso de valores familiares para promover exclusão e preconceito a corpos dissidentes e outros agrupamentos familiares absolutamente legítimos. Seguiremos sendo espaço seguro para promoção de conversas plurais, confiando em nossa vocação de desafiar o senso comum", finalizou o podcast na nota. Escritores e leitores se unem a criam ‘Flim alternativa’ após adiamento e polêmica por veto a Milly Lacombe Guilherme Machado/TV Vanguarda ‘Não poder participar de uma feira literária é uma derrota', diz Milly Lacombe Flim de São José dos Campos Reprodução/TV Vanguarda Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina