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Drones e patrulhamento aéreo: como será fiscalização após decreto proibir nudismo em Balneário Camboriú

Patrulhamento aéreo policial em Balneário Camboriú após decreto proibir nudismo Drones e patrulhamentos aéreos estão entre as medidas que serão usadas pe...

Drones e patrulhamento aéreo: como será fiscalização após decreto proibir nudismo em Balneário Camboriú
Drones e patrulhamento aéreo: como será fiscalização após decreto proibir nudismo em Balneário Camboriú (Foto: Reprodução)

Patrulhamento aéreo policial em Balneário Camboriú após decreto proibir nudismo Drones e patrulhamentos aéreos estão entre as medidas que serão usadas pela Secretaria de Segurança de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, para a fiscalização após a publicação do decreto que proibiu a prática de nudismo no município. Serão intensificadas rondas e operações. O decreto que proíbe a prática de nudismo na região foi publicado na sexta-feira (19). A Praia do Pinho, que fica no município, foi a primeira de naturismo do Brasil. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp 🏖️ Naturismo é uma filosofia que prega autorrespeito, autoconhecimento, respeito ao próximo, alimentação saudável e preservação da natureza. Dentro deste modo de viver, também está a prática de nudismo social. Como é a Praia do Pinho, a 1ª de naturismo do Brasil Decreto que proíbe nudismo nas praias de Balneário Camboriú é publicado Ações da Secretaria de Segurança O secretário de Segurança de Balneário Camboriú, Carlos Alberto Araújo Gomes, disse que a prefeitura dará ampla publicidade às novas regras. Ele disse ainda que serão organizadas e estimuladas ações comunitárias e de voluntariado visando ocupar a região com novas atividades. "As forças de segurança, de forma complementar e integrada, vão intensificar as rondas e operações, inclusive com o apoio de câmeras e drones", declarou o secretário. Praia do Pinho, em Balneário Camboriú Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau/Divulgação 🏖️Como é a Praia do Pinho? A Praia do Pinho é considerada a primeira praia de naturismo do Brasil. De fácil acesso, o espaço tem cerca de 500 metros de extensão e fica entre as praias de Laranjeiras e do Estaleirinho. O nudismo existe no local desde 1980. A prática de não usar vestimentas no local é um dos principais fundamentos do chamado naturismo. A praia é aberta a todos os públicos, incluindo crianças, idosos e casais, sejam heterossexuais ou homoafetivos. Homens solteiros também podem permanecer na faixa de areia. É proibido fotografar ou filmar sem autorização dos frequentadores, mesmo à distância. Enquanto foi autorizada a prática do nudismo no local, era proibida qualquer prática de cunho sexual ou comportamento obsceno na praia. 🤔Nudismo x naturismo Segundo explica Susan Letícia Gals, integrante do movimento e tesoureira da Associação NuParaíso, responsável pela manutenção da Praia do Pinho, o naturismo pode ser classificado como uma "filosofia de vida que engloba várias atitudes e, dentre elas, o nudismo". De acordo com Susan, os espaços são reconhecidos pelos municípios e pela Federação Brasileira de Naturismo (FBrN). A entidade possui regras para os visitantes, mas afirma que não há espaço delimitado para pessoas que querem andar nuas ou idade mínima para frequentar os espaços. Praia do Pinho é considerada a primeira de naturismo do Brasil Praia do Pinho/Divulgação O que diz a Federação Brasileira de Naturismo Confira abaixo a nota completa da Federação Brasileira de Naturismo. A Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) manifesta profunda preocupação e pesar diante do encerramento da prática do naturismo na Praia do Pinho, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, em decorrência da aprovação da PL 10/2022 e das alterações introduzidas pelo novo Plano Diretor do município. A Praia do Pinho não é apenas um espaço geográfico. Trata-se de um marco histórico do naturismo brasileiro, reconhecido nacional e internacionalmente, que por décadas representou um ambiente de convivência respeitosa, liberdade responsável e contato consciente com a natureza. É fundamental esclarecer à sociedade alguns pontos que têm sido, reiteradamente, confundidos ou utilizados de forma inadequada no debate público. Naturismo não é nudismo desordenado O naturismo é uma prática regulamentada, baseada em valores claros: respeito mútuo, convivência social, ética, preservação ambiental e responsabilidade individual. Não se confunde, em hipótese alguma, com comportamentos inadequados, atos obscenos ou crimes sexuais. Crimes são crimes — independentemente de onde ocorram — e devem ser combatidos com fiscalização, investigação e punição, não com a extinção de uma prática legítima e reconhecida mundialmente. Criminalidade e omissão do poder público Os próprios debates realizados na Câmara Municipal evidenciaram que práticas criminosas, inclusive de natureza sexual e relacionadas ao uso de drogas, ocorrem em diversos espaços públicos de Balneário Camboriú, e não exclusivamente na Praia do Pinho. Diante disso, questionamos: Por que a resposta escolhida foi abolir o naturismo, em vez de fortalecer a segurança, a fiscalização e a aplicação da lei? Punir corretamente uma minoria que age fora das normas sempre foi, e continua sendo, mais eficaz do que eliminar um direito coletivo por falhas de gestão e ausência do Estado. Ausência de associação local e responsabilidade compartilhada Reconhecemos que a ausência de uma associação naturista local, forte e atuante, contribuiu para o enfraquecimento da defesa do espaço. Uma sociedade organizada é sempre mais respeitada — porém, também sabemos que nem sempre é fácil encontrar pessoas dispostas a assumir responsabilidades, enfrentar críticas e “colocar a cara a tapa”. Ainda assim, a falta de organização civil não justifica a supressão de um direito cultural e social, especialmente quando existem instrumentos legais e administrativos para coibir abusos. Interesses imobiliários e falso moralismo A possível venda do Complexo do Pinho e a crescente especulação imobiliária na região levantam preocupações legítimas. O discurso moralista, em muitos casos, esconde interesses econômicos claros. Em diversos momentos na Câmara Municipal foi dito sobre atos sexuais praticados em diversos locais, inclusive centrais de Balneário Camboriú e que não são áreas naturistas. É importante lembrar que grande parte das pessoas que hoje pedem o fim do naturismo escolheu morar na região quando a praia já era oficialmente naturista, ou seja, tinham pleno conhecimento da vocação do local. Optar por mudar a lei, em vez de respeitar o ambiente escolhido, revela um comportamento egoísta e excludente. Democracia, diversidade e respeito Santa Catarina possui centenas de praias. Quantas se tornaram áreas restritas por empreendimentos imobiliários e não por ser área naturista? É realmente tão difícil garantir um pequeno espaço para quem escolhe viver e se expressar de forma diferente? A democracia se constrói com diversidade, não com imposição de um único modo de pensar ou viver. Defender o fim de um espaço isolado, de acesso voluntário, não é proteção da moral — é negação da liberdade alheia. Conclusão A Federação Brasileira de Naturismo entende que o fim da Praia do Pinho como área naturista representa uma perda histórica, cultural e social, fruto de omissões, desinformação, interesses paralelos e intolerância. Seguiremos defendendo o naturismo como prática legítima, ética e respeitosa, bem como o direito à diversidade, ao diálogo e à convivência democrática. O combate ao crime se faz com lei, presença do Estado e punição aos culpados, não com a eliminação de direitos de quem sempre agiu corretamente. Paula Silveira Presidente da FBrN - Federação Brasileira de Naturismo VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias