Descoberta rara: insetos pré-históricos presos em âmbar revelam floresta perdida no Equador
Uma mosca (Diptera: Nematocera) da família Chironomidae presa em uma amostra de âmbar estudada. Mónica Solórzano-Kraemer/Nature Pesquisadores identificaram ...

Uma mosca (Diptera: Nematocera) da família Chironomidae presa em uma amostra de âmbar estudada. Mónica Solórzano-Kraemer/Nature Pesquisadores identificaram no Equador o maior depósito de âmbar do Cretáceo já encontrado na América do Sul, com resina fossilizada que preserva insetos, teia de aranha e vestígios de plantas de uma floresta úmida que existiu há 112 milhões de anos. O achado fornece um retrato inédito de como era parte do supercontinente Gondwana. 🌏CONTEXTO: O Gondwana foi um supercontinente que existiu entre o fim do Neoproterozoico e o Cretáceo, reunindo terras que hoje correspondem à América do Sul, África, Antártida, Austrália, Índia e a Península Arábica. Insetos, pólen e uma teia de aranha O estudo, publicado na Communications Earth & Environment, analisou 60 amostras de âmbar coletadas na pedreira Genoveva, na província de Napo. Dentro delas, foram encontradas 21 bioinclusões: moscas, besouros, vespas, percevejos, um fragmento de teia de aranha e até um tricóptero, inseto ligado a ambientes aquáticos. Também foram identificados pólen, esporos e folhas fósseis, incluindo os registros mais antigos de angiospermas no noroeste da América do Sul. Um besouro (Coleoptera: Tenebrionoidea) da família Tetratomidae (besouros-fungo poliporos) capturado em uma amostra de âmbar. Enrique Peñalver/Nature Árvores ancestrais como fonte da resina As análises químicas indicam que o âmbar se originou de coníferas da família Araucariaceae, parentes distantes do pinheiro-do-paraná. A formação ocorreu em um ambiente úmido, repleto de samambaias e cicadófitas, sem evidências de queimadas — um contraste com depósitos do hemisfério norte, onde o fogo era mais frequente. Importância científica Até agora, quase todos os grandes depósitos de âmbar com inclusões haviam sido descritos no hemisfério norte. A descoberta equatoriana preenche uma lacuna importante, permitindo estudar a biodiversidade e os ecossistemas do sul de Gondwana em um período marcado pela expansão das florestas resinosas. Vários pedaços de âmbar formados no subsolo, encontrados no nível G3 da Pedreira de Genoveva. Observe sua estrutura em formato de rim/bola. Xavier Delclòs/Nature Metodologia e limitações A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional que combinou técnicas de microscopia, análises geoquímicas (FTIR e cromatografia) e estudos de palinologia. O material foi datado em cerca de 112 milhões de anos, no intervalo conhecido como "Cretaceous Resinous Interval". Apesar do avanço, o número reduzido de inclusões limita generalizações sobre a fauna. Além disso, o contato prolongado com petróleo alterou parte da composição do âmbar, o que exige cautela nas análises químicas. Veterinários forenses encontram 9 kg de âmbar-gris em baleia morta em Nogales, na Espanha