Cofundador da Ben & Jerry's renuncia após briga com a controladora Unilever; entenda
Fundador da Ben & Jerry's é preso por protestar contra a ação dos EUA em Gaza Jerry Greenfield, cofundador da Ben & Jerry’s e cujo nome ajudou a consolidar...

Fundador da Ben & Jerry's é preso por protestar contra a ação dos EUA em Gaza Jerry Greenfield, cofundador da Ben & Jerry’s e cujo nome ajudou a consolidar a famosa marca de sorvetes, anunciou sua saída da empresa. A decisão foi revelada nesta quarta-feira (17) por seu parceiro e também cofundador Ben Cohen, acirrando o conflito com a controladora Unilever. Em uma carta aberta divulgada por Cohen nas redes sociais, Greenfield declarou que a companhia, sediada em Vermont, nos Estados Unidos, perdeu sua autonomia desde que a Unilever, com sede no Reino Unido, passou a limitar as ações de ativismo da empresa e dos cofundadores. Jerry Greenfield declarou que não poderia mais, “em boa consciência”, trabalhar em uma empresa “silenciada”, mesmo com o acordo de fusão garantindo a preservação da missão social da marca. “Essa independência existia em grande parte graças ao acordo único de fusão que Ben e eu negociamos com a Unilever”, escreveu ele na carta. Um porta-voz da Magnum, divisão de sorvetes da Unilever, afirmou à agência de notícias Reuters que a empresa “discorda da visão de Greenfield” e tem buscado envolver os dois fundadores em “um diálogo construtivo para fortalecer a sólida posição da Ben & Jerry’s no mundo, baseada em valores”. De acordo com a Magnum, Greenfield também deixou o posto de embaixador da marca. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Ben & Jerry’s versus Unilever A renúncia do cofundador é mais um episódio da longa série de divergências entre a Ben & Jerry’s e a Unilever, iniciada em 2021, quando a fabricante de sorvetes decidiu suspender as vendas na Cisjordânia ocupada por Israel. Em novembro de 2024, a marca chegou a processar Unilever, acusando a multinacional de silenciar suas declarações em apoio aos palestinos na guerra de Gaza. (Leia mais abaixo) O atrito mais recente aconteceu em março deste ano: a Ben & Jerry’s acusou sua controladora de demitir seu CEO de forma ilegal em retaliação ao ativismo social e político da fabricante de sorvetes. Em maio, Ben Cohen foi preso nos Estados Unidos durante um protesto em audiência com o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert Kennedy Jr., contra a atuação dos EUA em Gaza. Casamento infeliz Criada em 1978 por Cohen e Greenfield em um antigo posto de gasolina no estado americano de Vermont, a Ben & Jerry’s preservou sua missão social mesmo após ser comprada pela Unilever em 2000, por US$ 326 milhões — união que ajudaria a empresa de sorvetes a expandir sua missão social. Mas, ultimamente, o casamento não tem sido feliz. Em 2021, a Ben & Jerry's anunciou que não venderia mais seus produtos para assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Em 2022, a Unilever vendeu seu negócio israelense para uma empresa local que disse que venderia a Ben & Jerry’s sob seu nome em hebraico e árabe em toda Israel e na Cisjordânia. Já neste ano, a Unilever afirmou que planejava desmembrar seu negócio de sorvetes — incluindo a Ben & Jerry's — até o final de 2025 como parte de uma reestruturação maior. Agora, a saída de Greenfield acontece em meio à pressão da Ben & Jerry’s por se tornar novamente uma companhia independente, diante dos planos de abertura de capital da Magnum em novembro, após anos de conflitos sobre a posição da marca americana em relação à Gaza. Recentemente, Ben Cohen pediu que fosse concedida “liberdade à Ben & Jerry’s” para preservar seus valores sociais, mas a solicitação foi recusada pelo novo CEO da Magnum, Peter ter Kulve. Cohen acrescentou que a marca tentou organizar uma venda a investidores, estimada entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2,5 bilhões, mas a proposta foi rejeitada. Loja de sorvetes Ben & Jerry's, em Cambridge, Massachusetts. AP/Charles Krupa