cover
Tocando Agora:

Casos de coqueluche em Ribeirão Preto causam preocupação; saiba como se proteger

Casos de coqueluche em Ribeirão Preto causam preocupação após três anos sem infectados Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que Ribeirão Preto ...

Casos de coqueluche em Ribeirão Preto causam preocupação; saiba como se proteger
Casos de coqueluche em Ribeirão Preto causam preocupação; saiba como se proteger (Foto: Reprodução)

Casos de coqueluche em Ribeirão Preto causam preocupação após três anos sem infectados Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que Ribeirão Preto (SP) registrou 23 casos de coqueluche até o início de agosto. A situação acende um alerta para autoridades de saúde e especialistas, que apontam a queda nas coberturas vacinais como principal fator para a doença, que pode causar complicações graves, especialmente em bebês com menos de 1 ano. Em 2024, a cidade voltou a registrar casos após três anos consecutivos sem nenhuma ocorrência. Foram 88 pessoas infectadas, o maior número dos últimos 10 anos. 📱Siga o g1 Ribeirão Preto e Franca no Instagram Casos zerados por três anos seguidos A coqueluche voltou a aparecer de forma expressiva após um período de controle eficaz graças à vacinação. De acordo com a Vigilância em Saúde de Ribeirão Preto, de 2021 a 2023, a cidade não registrou nenhum caso da doença. A médica pediatra e infectologista Silvia Fonseca, que tem acompanhado a evolução da doença no município e o avanço das ocorrências após anos de estabilidade, vê os casos com preocupação. A gente já tinha conseguido controlar a coqueluche. Zerar os casos por três anos foi uma conquista importante, graças a vacinação. Ver esses números voltando a subir, é frustrante, especialmente porque temos vacina e sabemos que ela funciona" O cenário de estabilidade por três anos foi resultado direto da ampla cobertura vacinal, especialmente após a inclusão da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) para gestantes, implantada em 2014. Essa vacina tem o objetivo de transferir anticorpos da mãe para o bebê durante a gestação, protegendo a criança nos primeiros meses de vida, período em que ela ainda não completou o esquema vacinal. Desde então, com o avanço da imunização, os números vinham diminuindo gradativamente. De acordo com a especialista, doenças como a coqueluche são altamente transmissíveis e precisam de uma cobertura vacinal próxima de 95% para se manter sob controle. Quando a imunização cai, os casos reaparecem. A vacina é o principal meio de prevenção da coqueluche TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL via BBC Casos da coqueluche em Ribeirão Preto Segundo dados da Vigilância Epidemiológica, o maior pico de coqueluche em Ribeirão Preto ocorreu em 2013, com 90 casos confirmados. LEIA TAMBÉM SUPERAÇÃO: Menino vence leucemia e é o 1º a ter alta em novo centro de transplante em Ribeirão Preto CONQUISTA: Gêmeas siamesas recebem alta após primeira cirurgia para separação de crânios em Ribeirão Preto, SP IMUNIZAÇÃO: Ribeirão Preto amplia vacinação contra gripe para toda população; veja como receber Foi justamente naquele ano que o município, alinhado às diretrizes do Ministério da Saúde, passou a reforçar as ações de imunização, sobretudo com a introdução da vacina dTpa para gestantes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a taxa de cobertura da dTpa até junho deste ano era de 19,66%. No ano todo de 2024, o índice foi de 89,89%. O gráfico abaixo mostra a queda expressiva após 2013, seguida por um período de estabilidade sem casos, e, agora, uma nova ascensão em 2024 e 2025. Silvia explica que esse padrão é típico de doenças com alta transmissibilidade e dependentes de cobertura vacinal elevada para se manterem sob controle. “A gente observa surtos cíclicos da coqueluche quando a vacinação cai. Não é uma surpresa epidemiológica. O que surpreende é que, mesmo com vacina disponível, a gente ainda veja crianças adoecendo gravemente”, afirma. Ela alerta que a queda na imunização de bebês, adultos e gestantes durante a pandemia pode ter favorecido o retorno da doença. Durante a pandemia, muita gente deixou de vacinar. As gestantes pararam de ir ao pré-natal com frequência. Crianças perderam doses do calendário. E mesmo os adultos, que deveriam receber reforço com a dTpa, não procuraram a vacina. O vírus da Covid tirou o foco de todo o resto" Bebês são os mais vulneráveis A coqueluche costuma ser mais grave em bebês com menos de 1 ano, principalmente nos menores de 2 meses, que ainda não iniciaram ou não completaram o esquema vacinal. É justamente essa faixa etária que mais preocupa os especialistas. A doutora lembra que, em casos mais severos, a coqueluche pode levar à internação em UTI, complicações pulmonares e até à morte. “O bebê pequeno não tem defesa. Ele depende da mãe vacinada para receber anticorpos durante a gestação. Se a mãe não toma a dTpa, ele nasce desprotegido e pode evoluir rapidamente para um quadro grave. A bactéria da coqueluche produz uma toxina que paralisa os cílios das vias respiratórias. O bebê não consegue eliminar o muco e começa a se afogar na própria secreção. É muito angustiante". Além da vulnerabilidade dos bebês, a volta da doença acende outro alerta: a população adulta também pode se infectar e transmitir, muitas vezes sem saber que está contaminada. “Um adulto com coqueluche pode não ter os sintomas clássicos. Ele vai achar que está com uma tosse prolongada, uma virose comum, e vai conviver com um bebê em casa, sem saber que está passando a bactéria”, afirma Silvia. Principal prevenção contra a coqueluche é a imunização Divulgação/Semcom O que é a coqueluche? A coqueluche, também conhecida como "tosse comprida", é uma doença infecciosa que afeta as vias respiratórias, causa crises de tosse seca e falta de ar. A doença atinge principalmente bebês e crianças. É altamente transmissível, já que o contaminado pode infectar outras pessoas através de gotículas da tosse, espirros ou mesmo ao falar. Segundo o Ministério da Saúde, em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes, mas isso é pouco frequente. A coqueluche pode ser tratada com antibióticos, principalmente no início do quadro. No entanto, o medicamento tem efeito limitado sobre os sintomas mais avançados, como a tosse. Por isso, além do tratamento, é fundamental o isolamento do paciente infectado para evitar surtos, especialmente em ambientes escolares ou domiciliares com crianças pequenas. “O antibiótico interrompe a transmissão da bactéria, mas a toxina já produzida continua agindo no organismo. A pessoa pode continuar tossindo por semanas. Um caso confirmado deve ficar afastado por pelo menos cinco dias após o início do antibiótico. Se não houver tratamento, o isolamento precisa durar até 21 dias após o início da tosse”, explica Silvia. Como prevenir? A principal forma de prevenção é a vacina, oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de até 6 anos, gestantes e profissionais da área da saúde. Adultos também podem se proteger com a dose de reforço, que deve ser aplicada a cada 10 anos. No primeiro ano de vida, os bebês recebem a vacina pentavalente em três etapas: aos 2, 4 e 6 meses. Depois, são recomendadas doses de reforço aos 15 meses e novamente aos 4 anos. A pentavalente protege contra cinco doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e influenza tipo B. 'Morrer por coqueluche em 2025 é inadmissível' Para Silvia Fonseca, a atual situação exige uma resposta imediata das autoridades de saúde, das famílias e da sociedade. Ela reforça que a imunização é a única forma eficaz de interromper o ciclo de transmissão da doença. É como andar de carro sem cinto e com o motorista bêbado. A gente tem o recurso, tem a vacina, sabe como funciona. Morrer por coqueluche em 2025 é inadmissível. A gente precisa vacinar os bebês, os adultos, os adolescentes, as gestantes. Só assim a gente quebra essa cadeia. Não dá para esperar a próxima onda O que é coqueluche, doença que acendeu o alerta no Brasil e em países da Europa *Sob supervisão de Thaisa Figueiredo e Hélio Carvalho Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região