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Áudio: mulher denuncia família ligada ao PCC por cobrar até R$ 100 mil de moradores da Favela Moinho

Mulher revela extorsão contra moradores na Favela do Moinho Um dos áudios analisados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre a atuação do Prim...

Áudio: mulher denuncia família ligada ao PCC por cobrar até R$ 100 mil de moradores da Favela Moinho
Áudio: mulher denuncia família ligada ao PCC por cobrar até R$ 100 mil de moradores da Favela Moinho (Foto: Reprodução)

Mulher revela extorsão contra moradores na Favela do Moinho Um dos áudios analisados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Favela do Moinho revela como familiares de um traficante da facção extorquiam até R$ 100 mil de moradores da comunidade no Centro da cidade. "Eles [criminosos] estão pedindo pra gente ter que dar uma... uma quantidade, uma certa quantidade de dinheiro, R$ 100 mil, é ... R$ 70 mil", fala uma mulher num áudio obtido pela equipe de reportagem (ouça acima). ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp A gravação foi feita antes da operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP na favela, na semana passada. Promotores irão ouvir pessoalmente o depoimento da denunciante. Alessandra Moja foi presa em operação na Favela do Moinho Reprodução/TV Globo Na última segunda-feira (8), a Polícia Militar (PM) e a Polícia Civil prenderam dez pessoas suspeitas de participarem do esquema criminoso, que envolvia extorsão, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. PCC usa ferros-velhos e carros de reciclagem para transportar drogas da Favela do Moinho para Cracolândia, diz MP de SP Entre os detidos estão parentes de Leonardo Moja, o "Leo do Moinho", preso no ano passado por usar a comunidade para guardar e vender entorpecentes para a Cracolândia. 'Léo do Moinho', líder de facção criminosa e responsável por abastecer a Cracolândia, é preso no litoral de SP Alessandra Moja Cunha, irmã de "Léo do Moinho", é uma das pessoas presas. De acordo com o Gaeco, ela e outros membros da família eram donos de cerca de 40 a 60 barracos na comunidade. Além de liderar a cobrança da propina dos moradores, organizava manifestações públicas que dificultavam ações policiais contra suspeitos de crimes na favela e reforçava a atuação do PCC dentro dela. "A gente bate panela, a gente... é... se chamar pra gente fazer... ir pra palestra, a gente vai, às vezes vai sem querer, mas vai", diz a mulher no áudio sobre ser coagida pela facção a participar dos protestos. O g1 tenta contato com as defesas dos acusados. Como funcionava a extorsão Leo do Moinho foi preso em 2024 por tráfico de drogas na Favela do Moinho Reprodução Segundo a investigação, o grupo criminoso cobrava dinheiro das famílias beneficiadas pelo acordo com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo para deixarem a Favela do Moinho. Em troca, elas receberão uma linha de crédito de R$ 250 mil, subsidiada pelos governos federal e estadual pelo programa Minha Casa Minha Vida. Durante a transição, recebem auxílio-aluguel de R$ 1.200. Essas residências para onde irão serão construídas ou já existem fora da favela _provavelmente fora do Centro, onde será construída a nova sede do governo paulista. Surgida nos anos 1970 sob o Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, no bairro Campos Elíseos, a comunidade chegou a ter aproximadamente 800 imóveis, mas atualmente conta com cerca de 270 barracos. Somente quem pagava os valores exigidos pela facção conseguia dar andamento no processo de cadastro e assinatura dos documentos para o reassentamento, segundo o Gaeco. O inquilino que não pagasse, seja por se recusar ou não ter condições, era ameaçado, de acordo com a denunciante. "A gente tá sendo ameaçado. É, a gente já chegou a ser ameaçado até de... tipo: "Ah, eu vou atrás de você, eu vou atrás de você e vou te achar." Isso não é só comigo, isso é com várias mães, com várias pessoas", fala a mulher. PM afirma que prendeu Alessandra Moja, alvo da operação na favela do Moinho "Aconteceu muitos casos ali dentro, aconteceu porque eu vi acontecer de pessoas tirarem os inquilinos de dentro da casa que morava três, quatro, dez anos e jogar na rua, tipo, 'você não vai fazer fazer o cadastro'", conta a denunciante. "'Quem vai fazer o cadastro vai ser um primo, um parente, um marido’". Mãe solo, ela conta que as ameaças eram piores para quem não tinha outra pessoa como provedora do lar. "Então, tipo assim, tem muitas mães que, principalmente as mães solos que não tem marido como eu, que estão com medo, tão com medo e estão com medo mesmo, sabe?! É... uma situação de você não conseguir dormir à noite", Segundo ela, quem ainda mora na comunidade está se sentindo ameaçado, oprimido, coagido e apreensivo. "'Se você não fazer conforme a nossa vontade, você vai sair daqui, você vai perder seu cadastro’... é o que mais eles estão batendo na tecla com a gente: ‘Você vai perder seu cadastro, você vai perder sua moradia’. Então assim, a gente tá com medo", diz a mulher. De acordo com o MP, a Favela do Moinho funcionava como um "quartel-general" do PCC e consolidou o seu domínio na comunidade em razão do abandono e da negligência do estado. Procurados em outras oportunidades para comentarem as ações do MP na comunidade, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que realiza e participa de operações constantes contra o tráfico de drogas na região. Carroceiros transportavam drogas da Favela do Moinho para a Cracolândia, segundo Gaeco do MP-SP Reprodução Operação do MP e da PM prende acusados de chefiar tráfico de drogas na Favela do Moinho, no Centro de SP Reprodução/TV Globo