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Artesão constrói o próprio túmulo e comemora aniversário com festa em cemitério em Pão de Açúcar, AL

Beto de Meirus inaugura própria sepultura em cemitério de Pão de Açúcar Reprodução/TV Gazeta Beto de Meirus, o mais antigo seleiro da cidade de Pão de A...

Artesão constrói o próprio túmulo e comemora aniversário com festa em cemitério em Pão de Açúcar, AL
Artesão constrói o próprio túmulo e comemora aniversário com festa em cemitério em Pão de Açúcar, AL (Foto: Reprodução)

Beto de Meirus inaugura própria sepultura em cemitério de Pão de Açúcar Reprodução/TV Gazeta Beto de Meirus, o mais antigo seleiro da cidade de Pão de Açúcar, no Sertão de Alagoas, é muito mais do que um artesão. Poeta cordelista, escultor, artista nato e — como ele mesmo diz — "escravo do amor", decidiu comemorar seus 82 anos de uma forma nada convencional: com uma festa dentro do cemitério, para inaugurar a sua própria sepultura. A lápide já está pronta, com seu nome, a data de nascimento gravada, e um espaço reservado para a data da partida, que ele ainda pretende adiar por um bom tempo. "Vou quando Deus me chamar". O túmulo, feito por ele mesmo, reflete sua identidade artística e seu bom humor diante da finitude da vida. A celebração aconteceu no dia 7 de abril e reuniu amigos, familiares e curiosos de várias partes da região. Teve bolo, parabéns, muita conversa, risadas — e até disparo de bacamarte, uma tradicional espingarda de cano curto usada em festas populares no Nordeste. "Eu fiquei famoso, agora todo mundo quer me conhecer. Quando eu morrer, já estão todos convidados para o enterro", brinca Beto. A construção da catacumba durou um ano e Beto pensou em cada detalhe. Nas esculturas representando os pais, as fotos dos filhos, além de folhetos com poesias e rimas. "Foi meu pai quem doou esse terreno para a construção do cemitério". Beto sempre foi incentivado pelo pai, sua grande referência. Primeiro foi seleiro e poeta, seguindo os passos do velho. Adulto, tornou-se carnavalesco, artesão, trovador, escultor, pintor, seresteiro, cordelista, músico e bacamarteiro. Continuando e recriando tradições do povo sertanejo. "Quando eu morrer não vai ter ninguém que trabalhe com couro, principalmente assim como eu", disse. Autodenominado “Escravo do Amor”, um título que surgiu de um verso e que rapidamente se espalhou. Ele se identificou com o espírito romântico e alegre das noites no Sertão. Pai de 11 filhos e hoje trisavô, carrega em suas queixas o peso do desamor. “Fui tão romântico, amei intensamente, me entreguei por completo e, hoje, não tenho um amor”, lamenta. "Quero convidar todo mundo para o meu enterro. Já fiz minha catacumba, estou pronto para morrer a qualquer momento. Quem quiser vir, já está convidado", disse o mestre, arrancando sorrisos e aplausos enquanto era celebrado como o grande mestre que é. Só lhe falta, ainda, o reconhecimento oficial. Cemitério Pão de Açúcar Reprodução Assista aos vídeos mais recentes do g1 AL Veja mais notícias da região no g1 AL